Há oito anos, chegava eu a casa regressada da aulas da tarde, noite escura. Estaciono o carro no telheiro da frente, fazia muito frio, típico de uma noite de inverno e algo chama a minha atenção. No tapete da porta de entrada, uma bolinha branca e preta, que mal me viu começou a correr pelo jardim, escondendo-se numa das sebes junto ao muro. No meio da escuridão, foi impossível ver se era gato ou cão, nem como teria chegado até ali, uma vez que toda a casa é murada. E ali, permaneceu toda a noite, escondida nos arbustos.
Já de manhã, não parava de gemer com a fome e a sua primeira refeição, foram os restos do jantar, arroz com brócolos e pão demolhado em leite. Mais tarde, um bela taça de água e aos poucos foi ganhando a confiança e aproximando-se. Por ser, branca e ter algumas pintas, chamou-se logo Pintas, nome a que reagiu em sinal de aceitação. Na realidade, começou por ser o Pintas até descobrir que era uma menina...
Nessa noite, exausta de tanta aventura numa casa desconhecida, adormeceu pacatamente dentro de uma caixa de papelão, coberta com mantas. E no segundo dia, já tinha conquistado o seu espaço e todos à sua volta. Era muito pequena, talvez tivesse um mês e umas semanas, um pouco magra, na altura com um problema de pele, que logo foi tratado devidamente, mas nem precisou de tempo para conquistar o meu coração.
Como afirmou o meu primo S. "Não somos nós que escolhemos os animais, são eles que nos escolhem a nós, se queres, fica com ela" e assim fiz.
E desde esse dia, é a minha grande companheira, há oito anos e só espero que por muitos mais.
Quem por aqui passa, já se deve ter dado conta, que habitualmente, nunca coloco fotografias minhas. Excepção feita, a umas que estão na coluna da esquerda mas que são o meu perfil público em várias redes. Mas hoje, Dia Mundial do Animal, achei que devia quebrar esta regra.
E cá estou eu e a Pintas, na maior cumplicidade, num dia de verão...
Ter alguém que nos espera todos dias, cheio de amor não tem preço. Só tenho pena, que a vida dela seja tão curta...
Feliz Aniversário, a Pintas faz cinco anos... Em anos humanos já deve ter muitos mais!!
Mais uma bola, o brinquedo favorito dela...
Quando se utiliza a expressão "vida de cão" refere-se a à vida que muitos cães infelizmente têm. Normalmente, abandonados e maltratados andam pelas ruas, em grupo, à procura de alimento e de carinho.
Agora, reparei na vida de cão que a minha Pintas tem? Alguém já viu um cão dormir no sofá da sala desta forma?
Até para ser cão é preciso sorte!
É oficial, estou aborrecida!
Começaram as aulas e a minha dona anda muito atarefada, pensa só nos meninos, nas aulas, nas planificações, no estatuto, nas cadernetas, ufa, ufa ... parece que nunca mais acaba...
Sinto falta dos mimos dela. Estes dias tenho ficado sozinha no jardim, ando sem fome, será que também sofro do síndrome do fim das férias?
Já corri atrás dos pássaros, escavei buracos, desfiz os meus brinquedos e as cartas que chegaram no correio. Ando mesmo chateada, estou deprimida... Que vida de cão!!
Mas quando o carro dela chega, abano a cauda de felicidade e corra para ela. Afinal, ela volta sempre...
Pequena correcção: pensamentos de cadela...
Somos pelos cães, pelos grandes e os pequenos, pelos puros e os rafeiros, os de guarda e os brincalhões, pelos dias de cão, pelos passeios e pelas corridas....
O blog dos bichos é um blog que frequentemente visito. Dá-me pena a ver aqueles bichos perdidos sem ninguém e cada vez sinto mais que a minha cadela é uma sortuda. Se fosse milionária adoptava-os a todos.
Mas o que mais me chocou foi a noticia que li. Todos nos lembramos do "dito artista" que deixou morrer à fome um cão numa galeria de arte, pois parece que foi convidado a repetir a proeza.
"Bienal Centroamericana de Arte decidiu, incompreensivelmente, que a selvageria que acabava de ser cometida por tal sujeito era arte, e deste modo tão incompreensivel Guillermo Vargas Habacuc foi convidado a repetir a sua cruel acção na dita Bienal en 2008."
Quem ficar chocado como eu, a única solução é assinar a petição para tentarmos impedir que isto aconteça. Já somos 1641764, mas seremos mais certamente.
Arte deste tipo, não, obrigada.
http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html
Depois de um dia com tantos visitantes demorei algum tempo a pensar no que iria escrever. Queria escrever sobre algo realmente importante. E meditei sobre o que realmente mudou na minha vida com a vinda para esta Quinta. Foi sem dúvida a Pintas, a cadela residente.
Contar a história da Pintas é infelizmente contar a história de muitos cães abandonados. Não a fui buscar a um canil mas alguém a deixou com poucas semanas à porta de minha casa. Sem saberem, realmente, escolheram a casa certa, poderia não ter sido assim. Aqui, ela ganhou um lar e é tratada como um membro da família. Não é de raça pura mas isso nunca nos importou. Todos os animais têm direito à vida. Falta dizer que eu sempre tive medo de cães, no entanto desde o primeiro dia que me afeiçoei a ela. Hoje acompanha-me para todo lado.
É sem sombra de dúvida a "amiga" mais fiel que algum dia poderia ter tido.
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